O PECADO QUE NÃO MORA EM NÓS

PERTO DE DEUS, LONGE DO PECADO

Para Deus se aproximar de nós, é preciso que nos afastemos do pecado. Nosso corpo é como se fosse um templo dentro do qual Deus habita. Mas, sendo Deus santo, não habita com o pecado. Nosso corpo é uma espécie de local sagrado.

Por essa razão, a Bíblia fala do nosso relacionamento com o pecado em termos de ficarmos longe dele ou, como veremos abaixo, de termos o pecado tirado de nós.

TIRANDO O PECADO DA VIDA

No verso de Hebreus 10: 4, temos:

ἀδύνατον γὰρ αἷμα ταύρων καὶ τράγων ἀφαιρεῖν ἁμαρτίας.

“Porque o sangue de touros e bodes não têm poder para tirar pecados.” (minha tradução)

Os escritores Louw e Nida definem o verbo “tirar” (ἀφαιρέω) como “colocar ou tirar algo de sua localização normal – “colocar, colocar fora do caminho, remover.”

O significado do verbo “tirar” (ἀφαιρέω) envolve duas características espaciais. A primeira é a de um objeto estar dentro de um local. A segunda é a de afastar, distanciar um objeto do local em que se encontra.

Em Hebreus 10:4, pecado é entendido como UM OBJETO DENTRO DE UM RECIPIENTE. Metaforicamente, o pecado é algo que está dentro de nós. É como se nosso corpo fosse um lugar onde o pecado mora. Se está dentro de nós, logo é algo que nos controla exercendo domínio sobre nossa vida. Assim o conceito de pecado envolve certa ideia de superioridade e controle sobre a pessoa.

A FALTA DE PODER DOS SACRIFÍCIOS

O versículo afirma que o “sangue de touros e bodes” não têm o poder (ἀδύνατον) de tirar pecados. Poder é a capacidade de realizar uma ação. Uso da expressão “tirar pecados” (ἀφαιρεῖν ἁμαρτίας), no infinitivo, destaca um tipo de poder de ação impossível aos sacrifícios.

Toda ação leva em conta um agente. Sacrifícios não são agentes, mas instrumentos. Os sacrifícios do Antigo Testamento eram instrumentos temporários de como Israel lidaria com seus pecados.

E quem eram os agentes?

Podemos pensar em dois. Primeiro, a pessoa que iria oferecer o animal. O indivíduo levava o animal entregando-o ao sacerdote e participando da cerimônia. Segundo, o sacerdote que se apresentava para oferecer o sacrifício do ofertante.

Tudo isso compunha o sistema sacrificial da Lei de Moisés. Com isso, o autor de Hebreus está falando, de forma metonímica, sobre a incapacidade da lei de Moisés em não conseguir salvar uma pessoa de seus pecados. Por outras palavras, a lei mosaica é passageira dentro do plano da história da salvação de Deus.

LUGAR SAGRADO DA PRESENÇA DE DEUS

Na Teologia de Hebreus, o conceito de lugar sagrado é importante. Essa ideia vem do Antigo Testamento em que Éden, Tabernáculo e Templo eram vistos como lugares sagrados da presença de Deus. A função do sacerdote era proteger o local sagrado.

No tempo dos leitores de Hebreus, não havia mais templo, possivelmente. Logo, não havia como realizar sacrifício. Para um judeu, era difícil de lidar com o pecado sem templo e sacrifício. Para o autor do livro, Jesus é o sacrifício e o sumo sacerdote na presença de Deus, de sorte que somos o lugar sagrado da morada de Deus porque o pecado foi afastado (tirado) de nós.

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